Confiança, Opiniao Pública e Publicidade – texto do Marcelo Coutinho

O Núcleo de Redes Sociais da FGV e a consultoria Bites realizaram nessa 3ª feira, dia 17, em Sao Paulo, evento sobre Opiniao Pública e Relaçoes Governamentais na Web. Segundo Fernando Abrucio, da GV, a digitalizaçao aumentou a pressao por transparência nas democracias, exigindo novos mecanismos de organizaçao da informaçao para garantir a qualidade do diálogo entre as diferentes “opinioes públicas”, empresas e governos. Mas como estes mecanismos ainda nao estao plenamente desenvolvidos, o que se sobressai muitas vezes é um imenso fluxo de trivialidades, no qual o “volume” das manifestaçoes acaba se sobrepondo à qualidade e credibilidade das mesmas.

Luis Fernando Bovo, Editor-Executivo de conteúdos digitais do Estadao, destacou que a lógica do algoritmo governa a Internet, mas nao necessariamente o uso que as pessoas fazem das suas informaçoes. Isso cria a necessidade de uma estrutura capaz de realizar a intermediaçao entre os diferentes fluxos de opinioes, papel que os meios de comunicaçao estao tentando ocupar mesmo com as limitaçoes econômicas impostas pelo seu modo de produçao. Um espaço que dentro de temas específicos também pode ser ocupado pelas marcas. Já Daniel Mangabeira, Diretor de Políticas Públicas da Uber, lembrou que o alcance e velocidade das intermediaçoes tecnológicas demandam uma nova lógica de organizaçao dos recursos econômicos (um carro é um investimento que será utilizado por 4% da sua vida útil), criando uma “cultura do acesso” com capacidade de afetar a “cultura da posse”, predominante no século XX.

O ponto em comum entre as diferentes exposiçoes e a publicidade é que o digital caracteriza-se como um espaço de comunicaçao muito mais independente do controle de governos e empresas. Neste ambiente, o valor da confiabilidade da informaçao torna-se cada vez mais importante. Um capital que algumas marcas construíram a custa de muito esforço, mas que se nao circular de forma adequada pode rapidamente perder seu valor. A questao, como observa Geoffrey Hosking no excelente “Trust: a History“, é que a confiança é algo criado por sistemas simbólicos (religiao, dinheiro, instituiçoes estatais como os cartórios) que mudam ao longo do tempo. A tecnologia está, ao menos nestes últimos anos, afetando estes sistemas e também a construçao da confiança nas marcas através da publicidade tradicional.

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