Desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal na publicidade atingiu um ponto crítico?

Matéria da Adweek dessa semana fala sobre como a vida pessoal e profissional de quem trabalha em agências de publicidade está em total desequilíbrio. A situaçao é tao grave que teria atingido um ponto crítico. Segundo Christie Cordes, recrutadora que trabalha há 20 anos na indústria, houve um aumento significativo nas reclamaçoes sobre horas extras. Greg Paull, da consultoria R3, concorda – “Em nossas auditorias, nós consistentemente vemos evidências de trabalho excessivo em agências, até 60% acima das horas faturáveis”, declara. Em fevereiro, a morte de um publicitário da Ogilvy das Filipinas que trabalhou além do horário, mesmo estando com pneumonia, reacendeu um debate que nao é nada novo no mercado. E o pior de tudo – o problema é universal. Os brasileiros sabem muito bem disso.

Histórias nao faltam – como a do redator que conta que seu diretor de criaçao passava tao pouco tempo em casa que resolveu fazer vídeos de si mesmo para que seus filhos pequenos nao ficassem tanto tempo sem vê-lo. A cultura do trabalho em excesso é tao forte que muitos publicitários – entre eles “os melhores e mais brilhantes”, como diz Cordes – estao desistindo da profissao. Some-se a isso o fato dos clientes “pagarem menos mas esperarem mais” – “Veja como a Pepsi e a P&G falam com suas agências: como crianças em idade escolar”. Mas para Allison Kent-Smith, fundadora e CEO da empresa de pesquisa smith & beta, o debate sobre o trabalho em excesso nas agências está “olhando para o sintoma, quando há um problema maior” – “Comparando com outras indústrias, nós nao ajustamos a forma como trabalhamos. Ainda lembra muito o modelo dos anos 50 e 60, com uma secretária fazendo anotaçoes e todos nós ao redor da mesa”, afirma. Entre as possíveis soluçoes que ela aponta estao reunioes do tipo “stand-up”, por exemplo, onde cadeiras e smartphones sao expressamente proibidos. Dessa forma, menos tempo seria gasto em reunioes.

Algumas agências já oferecem alternativas como horário de trabalho flexível, mas ainda sao iniciativas pontuais e insuficientes. E a tendência mostra que, cada vez mais, funcionários jovens e veteranos estao menos dispostos a tolerar horários estendidos e fins de semana cheios de trabalho. “Eles nao sentem mais que estao fazendo a diferença. Nós perdemos nosso caminho”, diz Cordes – “Há um caminho de volta; apenas precisamos encontrá-lo.” E você? Também sofre com esse desequilíbrio? Compartilhe sua história, seu ponto de vista e suas possíveis soluçoes para esse problema nos comentários.

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