“Estamos criando midiotas, negligentes e distraídos” – Alberto Dines

A frase é de Alberto Dines, o “decano do jornalismo brasileiro“, como descreve Caio Túlio Costa no Observatório da Imprensa. Faz parte de seu discurso de agradecimento pela homenagem feita pela Abraji – Associaçao Brasileira de Jornalismo Investigativo – no 11º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado entre os dias 23 e 25 de junho. O prêmio de Contribuiçao ao Jornalismo veio pelos 60 anos de carreira de Dines e pelos seus 20 anos do trabalho à frente do Observatório. Na placa que distingue a homenagem, a Abraji escreveu: “Quando o jornalismo se encanta em ser estilingue, o Observatório da Imprensa nos recorda que ele é – e sempre deve ser – também vidraça.” Impossibilitado de comparecer à cerimônia por problemas de saúde, Dines enviou uma mensagem que foi lida por Norma Couri, sua esposa e companheira de ofício. Leia na íntegra abaixo e aqui, na íntegra, o texto de Caio Túlio Costa.

Caros amigos, caras amigas:

As circunstâncias me impedem de receber pessoalmente esta homenagem , que muito me orgulha e a que agradeço de coraçao.

Sobretudo por vir de uma entidade que reúne a nata dos repórteres brasileiros.

Todo Jornalismo é investigativo, ou nao é Jornalismo.

Donde se conclui que o que lemos, ouvimos e vemos todos os dias na imprensa nao é Jornalismo.

Jornalismo hifenado, interpretativo, opinativo ou meta-qualquer-coisa, ou é um hífen ou uma cláusula limitativa.

Diante de uma premissa tao drástica, qualquer Jornalismo hifenado mais confunde do que esclarece. É uma falsa questao.

O que sobra da mídia diária é o que o olho do público vai buscar nas entrelinhas.

Só se criam caçadores da verdade com treinamento intensivo – com fórmulas e dedicaçao intensivas.

Mas o que estamos criando é um público dispersivo, apático, incapaz de reagir ou questionar.

Estamos produzindo midiotas, negligentes e distraídos – um público disperso.

Essa falsa questao é corrigida no dia a dia com iniciativas como as propostas pela ABRAJI, por aqueles que escapam do engodo e sobrevivem às armadilhas das teorizaçoes apressadas – os que permanecem lúcidos.

Poucos.

Devem estar nesta plateia e seguramente estarao integrados à ABRAJI. Ainda bem..

Longa vida para a Associaçao Brasileira de Jornalismo Investigativo.

Muito obrigado.

Alberto Dines”

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