Quanto pior a expectativa do consumidor, mais garrafas de cachaça sao vendidas

Beber para esquecer. É o que muitos brasileiros fizeram durante os últimos meses. Uma análise do IBOPE DTM, unidade de marketing de relacionamento e big data do IBOPE Inteligência, e do Serviço de Proteçao ao Crédito (SPC Brasil), feita pelo PeopleScope, revela que quanto menor a expectativa do consumidor, medida mensalmente pelo IBOPE Inteligência e pela Confederaçao Nacional da Indústria (CNI) por meio do Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC), mais garrafas de cachaça foram vendidas em 3 redes varejistas. Batizado de Índice da Cachaça, o indicador revela que em dezembro de 2015, quando o INEC acumulava queda de 11,8% em relaçao ao mesmo período do ano anterior e estava 12,2% abaixo de sua média histórica, as vendas de garrafa de cachaça chegaram ao seu maior nível. “Esse é um fenômeno similar ao que aconteceu durante a recessão nos Estados Unidos, no início dos anos 2000, que foi chamado por Leonard Lauder de Índice do Batom. Ele percebeu que as vendas de batom dispararam, pois em tempos de incerteza financeira, em vez das consumidoras comprarem um artigo de luxo de maior custo que lhes proporcionasse uma sensaçao de bem estar, optaram por produtos mais baratos, como os cosméticos, que lhes deixavam atraentes e proporcionavam bem estar”, diz Bernardo Canedo, diretor do IBOPE DTM.

Capaz de segmentar a populaçao brasileira em 13 macrossegmentos e 42 segmentos, o PeopleScope mostra, por meio do Índice da Cachaça, que, de maneira geral, quanto mais pessimista é um grupo social, maior é sua afinidade com “sair para beber/ir a bares restaurantes”. As maiores correlaçoes foram verificadas nos grupos elite metropolitana, legado estabelecido e vivendo em mansoes. No 1º grupo, caracterizado por domicílios com uma das maiores rendas médias dentre todos os segmentos e composto principalmente por famílias pequenas que, em sua maioria, residem em apartamentos localizados em bairros nobres das principais cidades brasileiras, o alto índice de pessimismo indicado pelo INEC se reverte proporcionalmente na 2ª maior afinidade com ‘sair para beber/ir a bares e restaurante”. Outro grupo bastante propenso a ir a bares ou sair para beber, o vivendo em mansoes, segmento que possui a maior quantidade de leitores de jornais dominicais do país e a maior proporçao de domicílios com empregadas domésticas, tem a 2ª pior expectativa em relaçao a inflaçao, desemprego e renda pessoal, dentre os grupos sociais analisados. Já a populaçao conhecida como legado estabelecido, que se caracteriza por uma alta proporçao de idosos que vivem em apartamentos com 1 ou 2 moradores nos bairros mais nobres e tradicionais das grandes metrópoles brasileiras e que tem a 2ª confiança mais baixa nas questoes econômicas do país, é a que possui a maior propensao a sair para beber ou ir a bares e restaurantes.

A análise do IBOPE DTM revela ainda que bebidas alcóolicas, junto com frutas, legumes e verduras, foram os únicos, dentre 7 categorias de produtos vendidos em mercado, que tiveram aumento no desembolso do brasileiro na comparaçao de 2015 com 2014. Enquanto a quantidade de itens comprados caiu 4,6%, o valor médio gasto com alcoólicos subiu 1,1% e a ida ao mercado para comprá-los aumentou 4,4%. | Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

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