Somos novos Midas: tudo o que tocamos vira lixo – Tania Savaget

Está circulando pela mídia uma previsao de Isaac Asimov feita há 50 anos, em 1964. O professor e escritor de ficçao científica, como qualquer outra pessoa que arrisca projetar cenários, acertou uma parte e errou em outra. Em relaçao à quantidade de gente que estaria por aqui, conseguimos superar sua hipótese. Nao somos 6,5, como ele previu, mas 7 bilhoes de pessoas espalhadas pelo planeta. Com esta quantidade de gente para se alimentar, se vestir, morar e se movimentar é de se esperar 1 grande impacto nos recursos naturais e em muitas outras área. E o que o renomado autor de mais de 500 trabalhos nao imaginava era essa praga acumulativa, esse vício por consumir, acumular riquezas, querer sempre mais, o mais novo.

Como quase tudo o que consumimos vem em uma embalagem ou mais de uma – o saquinho plástico, a caixa, a sacola, a bandeja, a etiqueta – por conta de conservaçao, legislação, transporte, acabamos gerando uma imensa quantidade de lixo que há algum tempo vem preocupando estudiosos, ambientalistas, economistas e, num ritmo lento, vem começando a chamar a atençao do cidadao comum. Como na lenda do Rei Midas, tudo o que tocamos se transforma, só que, no nosso caso, em lixo. E, como nao temos ainda o hábito e a infraestrutura necessária, este lixo nao vira luxo.

Nas feiras livres, alguns chefs estao ajudando a recuperar parte de alimentos e ensinar receitas nutritivas. Segundo a ONU, 1 em cada 3 alimentos produzidos no mundo vai direto pro lixo. No artigo sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Ricardo Abramovay cita os exemplos de países que conseguiram transformar luxo em riqueza. A receita passa sempre por pagar a conta da coleta e da reciclagem, com custos assumidos por quem produz e quem consome. Coca Cola e Nestlé Waters assumiram o compromisso de recolher e dar destino às suas embalagens. Vamos acompanhar. Somos, nós brasileiros, uma sociedade que joga fora. Vale olhar para os melhores exemplos e começar a tomar atitudes: governo, sociedade e empresas, nao é?

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