Supermercados de conteúdo? | texto do Marcelo Coutinho

Com mais de 102 smartphones vendidos por minuto no ano passado no Brasil, os varejistas terao que correr para se adaptar a um mercado onde o ponto de venda está literalmente “em todo lugar”. Esta foi uma das principais conclusoes do debate entre Pedro Guasti (eBit) e Helio Azevedo (SAP) no Congresso da APAS, a maior feira do varejo da América Latina, que termina hoje em Sao Paulo.

Os varejistas de pequeno e médio porte passam de certa forma por uma situaçao similar a dos grupos de mídia nacionais: ou personalizam a oferta de bens e serviços para rentabilizar seu ativo mais precioso, a relaçao com o consumidor, ou correm o risco de desaparecer na indiferenciaçao. Nesse caminho, terao que escolher entre dividir parte da receita com as grandes plataformas tecnológicas do segmento ou se tornar alvo de fusoes e aquisiçoes por grupos mais fortes. Mas se bem feita essa transiçao pode inclusive permitir aos varejistas “roubar” receita das empresas de mídia: a Amazon faturou USD 187 milhoes em publicidade no 1º trimestre deste ano, um crescimento de 22% em relaçao ao mesmo período de 2014.

Nao é a toa que uma das primeiras providências de Jeff Bezos ao comprar o Washington Post foi colocar 40 engenheiros na redaçao – a personalizaçao do conteúdo segue a mesma lógica da personalizaçao de ofertas (embora as consequências sociais deste processo na mídia possam ser desastrosas: uma sociedade menos plural e mais radicalizada nos seus pontos de vista).

publicidade

publicidade