Aqui | A conexao entre TVs e Internet será a próxima ‘corrida do ouro’ da publicidade mundial | Marcelo Coutinho

A conexao entre TVs e Internet será mesmo a próxima ‘corrida do ouro’ da publicidade mundial. Embora a disponibilidade de banda permaneça um problema, o uso simultâneo de diferentes telas é o primeiro sinal desta convergência. No caso brasileiro, 43% dos internautas navegam na internet enquanto assistem TV segundo o IBOPE. Já recente estudo da Deloite/GFK no Reino Unido mostra que embora o uso das TVs conectadas seja de apenas 16% em relaçao ao seu potencial, nos grupos mais jovens e conectados da populaçao ele já atinge 28%. Levando em consideraçao a transformaçao na pirâmide etária brasileira nos próximos 10 anos e o impulso que a Copa e Olimpíada irao gerar na troca de televisores nos domicílios, podemos prever que esta adoçao vai ocorrer aqui com distribuiçao similar a de países mais desenvolvidos.

Estes números sao uma prévia da quebra do paradigma da transmissao linear de programaçao. Com ela, nao poderemos mais atribuir uma audiência somente a uma faixa horária. O conteúdo, e a maneira como o consumidor pode encontrar este conteúdo (mecanismos eficientes de recomendaçao baseados em algorítimos matemáticos ou sociais), vao desempenhar 1 papel cada vez mais relevante no planejamento de mídia. Claro que a programaçao linear via transmissao broadcast ainda vai reinar soberana por muitos anos, mas os nichos mais interessantes para os anunciantes estarao crescendo em outros formatos.

No caso das Olímpiadas de Londres, as transmissoes efetuadas pelo Terra através de aplicativos em TVs conectadas atingiram dezenas de milhares de consumidores, um número pequeno se comparado com a audiência em outros aparelhos (computadores, celulares e tablets). Mas seu consumo ocorreu principalmente no final de semana, ao contrário dos streamings via computadores, concentrados durante a semana. Isto pode indicar que “a cauda longa” da programaçao nao somente vai aumentar, mas também pode modificar a distribuiçao da audiência da TV por faixa horária.

Na 2a metade desta década, as emissoras de TV vao enfrentar o mesmo desafio que as empresas jornalísticas e gravadoras de música encontraram em meados dos anos 90 – pensar no longo prazo e se preparar para um novo ambiente de negócios, utilizar mecanismos legais ou tecnológicos para retardar a mudança, esperar para ver qual ecossistema de plataformas será dominante ou fingir que nada está acontecendo :) Como toda ‘corrida do ouro’, teremos ganhadores e perdedores em larga escala. Façam suas apostas…

Nota do autor – Amanha (25/08) falo no encontro Latino Americano dos Estudantes de Pós Graduaçao da Universidade de Navarra. Meu tema será mensuraçao da audiência e as transformaçoes na Indústria de Comunicaçao. Fiz um texto sobre as linhas gerais da conversa.

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