A economia dos ad blockers – o que vem pela frente | texto do Marcelo Coutinho

Segundo recente pesquisa da Adobe e PageFair, já sao quase 200 milhoes de internautas utilizando bloqueadores de publicidade no mundo. Na Espanha e na França, 25% dos banners já sao bloqueados, de acordo com o Wall Street Journal. É mais um sangradouro na cadeia de negócios dos investimentos em display, que já enfrenta a concorrência de 3 grandes plataformas (Google, FB e Apple), um novo sistema tecnológico (mídia programática) e a adoçao de critérios mais rigorosos por parte dos anunciantes (Viewability).

Os ad blockers sao utilizados pelos consumidores para otimizar a atençao, o recurso mais escasso da economia digital. Como o investimento publicitário no digital nao para de crescer, meu palpite é que estes recursos serao cada vez mais direcionados para o branded content (o “informe publicitário” da era digital), inclusive no mobile, onde apps, e nao anúncios, sao a principal forma de capturar a atençao do consumidor. Nao é a toa que a Apple facilitou a instalaçao deste tipo de software na sua última versao do iOS, com previsíveis consequências sobre o investimento em publicidade display no mobile.

Se minha hipótese estiver correta, vamos assistir a uma transformaçao nos modelos de produçao e mensuraçao de resultados do conteúdo publicitário. Ao final dela, deverao sobreviver as grandes redes distribuidoras (nos moldes das 3 citadas anteriormente, além de eventuais novos players), 2 ou 3 grandes grupos de comunicaçao globais articulados nao somente ao redor de agências de publicidade, mas também de RP e tecnologia, e pequenas “butiques”, especializadas em nichos específicos. Neste contexto, o modelo tradicional de produçao de conteúdo (jornalístico e publicitário) será muito mais centralizado na profundidade do relacionamento do que na sua amplitude. Frequência, e nao alcance, passa a ser a “mãe de todas as medidas” do ponto de vista do retorno do investimento. Preparem suas planilhas…

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