A gente sempre gostou de cozinhar ou virou obrigaçao ser chef?

Tive duas avós muito diferentes. Uma era mineira, estudante de colégio católico rigoroso e cozinheira de mao cheia. A outra não gostava nem de comer, quanto mais de cozinhar. Nem ovo ela fritava. Acompanhava a família em Minas em rituais divertidos, quando todas se juntavam em volta do tacho e cortavam goiabas para fazer goiabadas que duravam o ano todo e eram disputadíssimas. Minha mae era um pouco melhor que a mae dela e sabia fazer doces maravilhosos, com receitas anotadas à mao e guardadas num caderninho que cuido com o maior carinho.

Eu já até gostei de cozinhar mas hoje nao me animo muito, mesmo com todas as facilidades que temos. Nao sei se minhas filhas vao se apaixonar pela cozinha apesar da epidemia de livros, blogs, receitas, apetrechos, ingredientes, programas de TV, chefs celebridades. Apesar de comer fora, especialmente em Sao Paulo, estar cada vez mais caro, e da nova legislaçao acelerar o processo de nao termos mais empregadas domésticas fazendo a boa comida caseira do dia-a-dia, acho que cozinhar nao é para todos.

Li outro dia sobre um novo modelo de negócio que, para variar, está chegando aqui depois de já fazer algum sucesso nos EUA e na Europa – que facilita a vida dos chefs domésticos deixando só a parte boa do programa “cozinhar em casa”. Kits com receitas, legumes cortados no tamanho exato e porçoes milimetricamente preparadas e embaladas sao entregues em casa, com toda a conveniência. Da Middagsfrid na Europa, à Plated nos EUA à  Le box, aqui em Sao Paulo, o incentivo a ser chef é tanto – que dizer que nao gosta de cozinhar é quase um atestado de outsider :)

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