Num dia cálido de primavera, a direita reconquistou o poder na Argentina

A Argentina elegeu ontem um novo presidente. O empresário de direita Mauricio Macri, atual prefeito da cidade de Buenos Aires, ganhou as eleiçoes no 2º turno, superando seu adversário, candidato da situaçao e atual governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli.

Macri receberá um país infinitamente melhor do que o kirchnerismo recebeu em 2003, depois de um profunda crise política, econômica e social. As políticas que Macri aplicará no poder sao uma verdadeira incógnita, já que suas definiçoes sobre temas centrais da economia e da sociedade argentina nunca foram firmes – pelo contrário, sempre flutuaram, seguindo os ventos da mudança de humor da opiniao pública e dos resultados eleitorais do seu partido nas províncias, que foram elegendo governadores.

Apesar de seu partido ter votado contra todas as principais leis da Era Kirchnerista, no meio da campanha, Macri decidiu reivindicá-las. Passou a apoiar a estatizaçao de empresas estratégicas do setor energético e de transporte. O novo presidente também esteve contra leis que garantiram direitos básicos como a de Matrimônio Igualitário, que permitiu o casamento legal entre pessoas do mesmo sexo, e a de Fertilizaçao Assistida, que permitiu que casais com problemas de fertilidade pudessem ser assistidos pela rede pública de saúde. Há alguns meses mudou de ideia e passou a defendê-las.

O futuro da Argentina é uma incógnita do tamanho de um enorme desafio. Manter as conquistas econômicas e sociais da última década e, ao mesmo tempo, contentar uma classe média que cresceu como nunca, mas que como nunca também deseja uma maior ascensao social, que o kirchnerismo nao foi capaz de proporcionar nos últimos 3 anos. Vai ser interessante observar também o comportamento da grande mídia que desde sempre manteve Macri praticamente blindado contra notícias negativas. Pouca gente sabe, porque a mídia nunca conta, mas o presidente recém eleito está sendo processado por ter promovido escutas ilegais contra parentes e adversários políticos.

A democracia está em festa, a direita argentina também. Só nos resta torcer para que Mauricio Macri governe livre de pressoes externas e favorecendo os mais pobres, como prometeu em sua campanha.

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