Para pensar além do registro indignado – Sylvia Moretzsohn no Observatorio

Sobre as crianças na Vogue Kids :(

A notícia, por si, já seria relevante: nao é todo dia que a Justiça manda sustar a distribuiçao e recolher os exemplares já distribuídos de uma revista. Mas a reaçao indignada que a mais recente ediçao da Vogue Kids provocou, ao publicar um ensaio fotográfico com meninas em poses sensuais, poderia ter sido aproveitada pela imprensa para ir além do registro do fato e da reproduçao de declaraçoes condenatórias.

O tema é delicado, mas exatamente por isso mereceria ser discutido. Quase 80 anos depois de Freud, ainda lidamos muito mal com a sexualidade, e um caso como este permitiria tratar de aspectos que têm a ver com esta questao de fundo….  (e nem foram tocados)

Na 5a feira (11/9), na página que mantém no Facebook, um pediatra investiu pesadamente contra a revista, a quem acusava de estimular a pedofilia. Até a manha de segunda-feira (15/9), o texto havia obtido mais de 14.500 compartilhamentos e 2.590 comentários.

“Esse tipo de matéria”, diz o pediatra, “estimula adultos a erotizar crianças e impedir que vivam os valores mais simples e as brincadeiras naturais da infância. Elas nao estao imitando saudavelmente a mamae roubando a maquiagem, nao se iludam. Estao tendo sua infância amputada, sendo forçadas a entrar num universo que não é o seu, sendo instiladas de valores negativos e tendo seus espíritos deformados. Injetadas de materialismo, de ansiedade em seguirem padroes impostos e perversos de beleza (olhem a magreza das meninas) desde a idade escolar, onde deviam estar brincando de subir em árvores e jogar bola de gude, jogar bola e ir a praia”.

(É verdade que) crianças também brincam de médico. Rita Lee dizia que “brincar de médico é melhor que boneca”, mas Rita Lee sempre foi levada da breca, a ovelha negra da família… – siga lendo esta matéria no Observatorio

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