Sobre Lula – como contar duas histórias diferentes com um mesmo fato

Todos os créditos para a página Caneta Desmanipuladora.

Duas capas de 2 jornais. Uma foto cheia e um título curto.
Para os 2, Lula. Começamos igual.

O Globo: PRESO!
Lula é passivo da açao, ele foi ou é preso por alguém.

JB: Se entrega
Lula é ativo na açao, ele se entrega, ele toma a atitude, ele decide.

IMAGEM, aqui começa a ficar interessante e temos a maior parte do texto, o que ocupa a maior parte do espaço. A linguagem nao verbal.

JB: A imagem é clara, nítida, coloca Lula sendo carregado sem seguranças ou policiais, envolto em bandeiras políticas horas antes de anunciar que se apresentaria para a Polícia Federal. É a última apariçao de massa dele. A imagem dá um entendimento secundário ao título também, o de que Lula ‘se entrega’ à militância ao se jogar no meio do povo e ser carregado do palanque até o sindicato, de onde sairia andando de encontro a polícia. O enquadramento poe Lula no centro, em destaque, e o restante do espaço é composto com as cores que representam seu partido. Rostos felizes e esperançosos.

O Globo: Imagem escura, com tom clandestino, como se tirada de uma pessoa com paradeiro desconhecido em um grande furo de reportagem. Na luz uma forte referência da fotografia do expressionismo alemao, corrente artística que trazia contraste de luz e cor intensas com intençao de ‘ganhar uma ideia cruel, deformando a realidade em si’. Também foi deixado o conhecido ‘ângulo holandês’, que é uma técnica de fotografia de girar levemente a imagem entre 25º e 45º, muito vista no cinema. O objetivo do ‘ângulo holandês’ é causar desconforto e inquietude, enquanto passa a sensaçao de instabilidade, incerteza, medo e terror. Compondo a cena, rostos tensos e retorcidos.

Foto jornalismo nao é cinema, mas se uma foto é escolhida para ser capa… ela tem motivos para ser escolhida para ser capa.

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