Teimosos e reacionários? | Preferem fechar a adotar 1 plano ousado p/ salvar o jornal

Traduzido por Fernanda Lizardo para o Observatório da Imprensa – leia  íntegra. O texto usa informaçoes de Kim Willsher – saiu no The Guardian sob o titulo ‘Libération editor resigns after journalists go on strike’, datado do dia 13. Na foto, o café do Guardian, em Londres.

Nicolas Demorand, diretor de redaçao do jornal francês Libération, co-fundado por Sartre, pediu demissao depois que jornalistas do veículo entraram em greve. Demorand se envolveu em uma disputa com a redaçao, que se mostrou contrária à visao de seu diretor sobre o futuro do diário de esquerda, proposta em conjunto com acionistas.

Na semana passada, após uma greve de 24 horas, os jornalistas ficaram surpresos ao saber de um plano dos acionistas para transformar a sede do jornal em Paris em 1 centro cultural, em parceria com o designer Philippe Starck. As propostas incluíam a criaçao de um estúdio de televisao e rádio, bem como um restaurante e bar.

A redaçao respondeu com uma declaraçao na primeira página: “Somos um jornal… nao um restaurante, nao uma rede social, nao um espaço cultural, nao um estúdio de televisao, nao um bar e nao uma incubadora de startups”. De acordo com os jornalistas, o plano dos acionistas sugeria várias maneiras de ganhar dinheiro com a marca e a sede do Libération, mas nao fazia qualquer mençao ao jornalismo.

O Libération foi co-fundado pelo filósofo francês Jean-Paul Sartre, em 1973, para ser uma voz para o povo e um antídoto ao jornalismo “inerte”. A primeira ediçao, publicada em 18 abril daquele ano, tinha apenas 4 páginas. O jornal tornou-se carinhosamente conhecido como Libé, apelido dado por seu público fiel, porém cada vez mais reduzido.

A renúncia de Demorand ocorreu 3 meses após 1 homem armado abrir fogo na sede parisiense do jornal, ferindo gravemente 1 assistente de fotografia. Demorand declarou ao Le Monde que havia passado os últimos 3 anos tentando levantar capital para manter o jornal e pagar os salários, por conta da queda constante nas vendas. Em várias ocasioes, ele pensou que poderia ter de declarar falência.

O diretor disse ainda que os jornalistas se recusaram a aceitar os planos de “reestruturaçao total” do Libération para transformá-lo em uma organizaçao multimídia centrada no jornal impresso, mudança que ele acreditava ser essencial para o futuro da publicaçao. Ele acrescentou: “O Guardian possui 1 café, mas antes de tudo é um grande jornal e um grande site. A imprensa escrita atual deve diversificar porque um jornal nao consegue sobreviver sozinho, e as coisas nao podem ser feitas apenas em torno de um jornal impresso e de um site forte. É necessário utilizar atividades periféricas na produçao de um jornalismo de qualidade. É por isso que sugeri abrir nosso edifício ao público, mantendo a redaçao”.

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