A internet nao existe no vácuo – Brasil entre o vale e a várzea (do silício)

O prêmio CNH de Jornalismo Econômico divulgou esta semana seus vencedores. Como um dos jurados, tive que ler dezenas das matérias de jornais, revistas e blogs selecionadas para a etapa final. E essa peneira deixou clara a permanência de uma “terra de contrastes” também para a Internet – as reportagens finalistas destacavam o lado do Brasil que empreende e inova, principalmente através da incorporaçao de tecnologias digitais (como na matéria ‘Onde o Brasil desponta’, da Exame, vencedora na categoria Revista), ou mostravam as mazelas da nossa infra-estrutura, que sao realmente assustadoras, principalmente no setor de transportes (série ‘O Brasil que nao viaja de aviao’, do Globo, vencedora na categoria Jornal).

O problema é que a web nao existe no vácuo – de nada adianta termos uma alta propensao para compras digitais (assim como para online banking, educaçao a distância ou aplicaçao da tecnologia digital no setor agrícola ou de saúde), se nossa logística emperra em estradas, portos e aeroportos caindo aos pedaços, dificultando a entrega de bens e serviços. Ou se um sistema regulatório literalmente “cartorial” dificulta o reconhecimento de cursos online, enquanto o país esbarra na falta de mao de obra qualificada mesmo em uma situaçao de baixa atividade econômica (problema que só vai ficar pior por conta de tendências demográficas). No início dos anos 2000, falava-se muito que as tecnologias digitais permitiriam aos países menos desenvolvidos “queimarem etapas” no seu crescimento. Parece que agora teremos que usar estas mesmas tecnologias para resgatar as questoes estruturais de educaçao e infra-estrura que ficaram para trás.

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