Apple, FBI, Facebook e o Big Data | texto do Marcelo Coutinho

A detençao do vice-presidente do Facebook esta manhã, em Sao Paulo, por dificuldades na colaboraçao entre a empresa e a Justiça brasileira, é, juntamente com a polêmica entre a Apple e o FBI, mais um capítulo na longa história de conflitos entre as normas sociais e os avanços da tecnologia. A repercussao destes dois casos merece ser acompanhada por organizaçoes que baseiam suas açoes de marketing na captura, armazenamento e análise de dados pessoais – um tema particularmente sensível para agências e anunciantes no meio digital.

A adoçao de novas tecnologias de comunicaçao sempre despertou muito receio por parte de diversos segmentos da sociedade – basta lembrar que nos anos 50 histórias em quadrinhos eram consideradas “inimigas” do processo de alfabetizaçao. O mesmo se aplica as supostas relaçoes entre videogames e violência nos anos 90. Esse receio é amplificado na medida em que diversas organizaçoes periféricas, ou mesmo criminosas, utilizam estas tecnologias para ampliar seu raio de açao. No limite, decisoes judiciais ou políticas resultantes destes conflitos podem inviabilizar nao apenas o funcionamento de uma empresa, mas de todo um setor.

A adoçao de tecnologias nao ocorre no “vácuo”. Ela é fruto de uma intricada engrenagem de escolhas sociais. Essa relaçao vai se tornar ainda mais complexa a medida que o uso do protocolo IP se difunde por outros aparelhos além do computador e do celular (a chamada “Internet das coisas”). Neste contexto, será a capacidade das marcas em estabelecerem relaçoes de confiança com o consumidor e a sociedade, e comunicarem isso de forma adequada, que vai determinar o sucesso ou o fracasso de iniciativas de captura de dados pessoais para melhorar o retorno dos investimentos em relacionamento e personalizaçao.

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