As marcas da economia compartilhada – repetindo fórmulas antigas com novas embalagens?

De um tempo para cá nao assisti a nenhuma palestra sobre marcas que nao cite o Uber, o Airbnb ou o Waze, por muitos e diferentes motivos, mas sempre positivos. A mudança de hábito que sai do possuir para o usufruir, a ideia de cooperaçao no lugar da livre competiçao, a otimizaçao de tempo, recursos, energia. Tudo parece mesmo muito mais inteligente, atual, relevante. E, claro, nao dá para fazer nada disso sem tecnologia. Os rankings de marca foram se transformando a partir da entrada das marcas de tecnologia no mercado. Algumas indústrias centenárias cederam seus lugares para gigantes do setor.

Um livro que vi recentemente na Amazon, “Raw Deal“, traz uma visao crítica de algumas marcas e aponta injustiças com os trabalhadores e consumidores além da concentraçao de lucro na mao dos de sempre: as grandes corporaçoes. Para os consumidores o combinado de ceder informaçoes para fazer parte das plataformas e conseguir hospedagens mais baratas, serviços de transporte mais bacanas, entre outras vantagens, já começa a dar lugar a uma reflexao sobre o uso de dados pessoais para cadastros de empresas que querem nos vender tudo e só contam com a ajuda de algoritmos para tentar ver se nos oferecem fraldas descartáveis, uma viagem ou um sapato novo. Para os trabalhadores, apesar de parecer uma ótima oportunidade de ser um microempreendedor, as plataformas nao sao tao interessantes assim.

O livro aponta como algumas empresas da chamada nova economia reduzem seus custos de folha em mais de 30% quando passam a ter relaçoes de trabalho temporário, com freelancers e terceirizados. O Uber é um dos mais questionados sobre o nao seguimento de regras trabalhistas dos países onde atua, de nao fazer uma séria triagem de motoristas e por aí vai. Acho que vale acompanhar atentamente os movimentos dessas marcas. Sou a favor do poder aos consumidores, da intermediaçao que só existe porque gera valor, da autonomia e da cooperaçao. Mas é preciso ver se nao estamos repetindo fórmulas antigas com novas embalagens.

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