É hora de debater, violentos nao estao convidados | texto do Daniel Oiticica

Nao existe pior político do que aquele que foge das discussoes políticas. Ou que prefere uma populaçao alienada e uma sociedade distante dos debates ideológicos. Um dos grandes méritos da política kirchnerista aqui na Argentina foi promover a volta da discussao política na sociedade, quando tudo parecia perdido, quando o povo só queria “Que se vayan todos” (Que vao embora todos), depois da crise de 2001. A última campanha para presidente no Brasil também serviu para que a nossa sociedade começasse a debater política de verdade. Que certas máscaras caíssem, que a voz única do Plim Plim nao fosse mais a única voz.

No Brasil e na Argentina existem muitos políticos e comunicadores que desestimulam os debates. Acusar um governo de dividir a sociedade, ou de gerar um clima de confronto, é jogar areia numa premissa básica de qualquer construçao política séria, que é a necessidade do debate de ideias, de posturas, de modelos, de partidos. O problema que deviam combater é outro: a falta de respeito pela opiniao contrária, que nao é um problema da política, mas sim de certas pessoas, aquelas que nao respeitam o próximo, nao só em uma discussão política, mas também na fila do banco, no trânsito ou num show de rock. Muito pior é construir uma campanha política com o conceito de que debater é brigar e dividir.

Observando este spot de campanha de um dos partidos opositores, a UCR, pela presidência da Argentina, vemos o repúdio ao debate como argumento para “denunciar” um legado negativo da Era Kirchner. “¿Qué hicieron de nosotros” (O que fizeram da gente?) é a pergunta que a UCR apresenta, entre cenas de violentas discussoes em câmera lenta e uma música clássica ao fundo. A quem interessar minha resposta: nos fizeram pensar e entender que só o debate político salva. Os violentos nao fazem parte da cena, sao apenas os violentos de sempre.

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