Falando em Niemeyer, aqui vai uma homenagem necessária a Lucio Costa

Neste day-after, em que todas as homenagens foram feitas a Oscar Niemeyer – merecidas e talvez mesmo insuficientes – é preciso corrigir um erro que se comete toda vez que se fala sobre a participaçao do velho arquiteto no projeto de Brasília – Brasília nao é um projeto de Niemeyer. Brasilia é um projeto de Lucio Costa. Sequer é dos dois, como muita gente também acha. Coube a Oscar Niemeyer projetar as edificaçoes do centro cívico da Capital – a Catedral, os palácios do Planalto, do Itamarati, da Justiça e o Congresso Nacional. Mesmo neles, a ideia do “centro fora do centro”, dos palácios contrastando com o cerrado, já estava na proposta original de Lucio Costa.

É importante destacar isso, nao apenas por justiça histórica, mas para entender o papel que Lucio Costa teve na internacionalizaçao da arquitetura brasileira – e do próprio Niemeyer. Filho de almirante, Lucio passou a infância e a adolescência fora do Brasil, entre a Inglaterra e a Suíça. Falava fluentemente inglês e francês e, com isso, tornou-se a ponte entre o nascente modernismo brasileiro, de que ele foi pioneiro, com os arquitetos de fora. O maior deles à época, Le Corbusier, veio ao Rio a convite de Lucio, como consultor no projeto do Ministério da Educaçao e da Saúde, hoje Palácio Gustavo Capanema. O jovem arquiteto Oscar Niemeyer fazia parte da equipe de Lucio e fez ali as primeiras travessuras. A primeira experiência internacional de Niemeyer foi como co-autor do projeto do pavilhao do Brasil na Feira Mundial de Nova Iorque, com Lucio Costa.

O maior feito de Lucio Costa nao foi Brasília. Foi mostrar ao mundo a arquitetura brasileira, quando nem se imaginava haver arquitetura no Brasil. De certa forma, a maior obra de Lucio Costa foi Oscar Niemeyer ;)

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