Grande mídia argentina parece já estar em campanha para 2019

Para aqueles que achavam que com a vitória de Mauricio Macri nas urnas a grande mídia argentina começaria a publicar manchetes positivas, depois de 12 anos de primeiras páginas negativas, ledo engano. Os jornais argentinos parecem agora empenhados em outra missao: derrubar a imagem positiva de Cristina Kirchner para minar suas chances de voltar à presidência em 2019. Nao será uma tarefa fácil. Apesar de nao ter conseguido eleger o seu sucessor por apenas 700 mil votos, em um universo de 32 milhoes, Cristina deixará o poder com um índice positivo inédito de aprovaçao popular, que segundo as últimas pesquisas ronda os 40%.

Mas tudo parece indicar que a mídia já está em campanha para 2019. Continua vigente a velha tática de publicar manchetes negativas bombásticas que nao encontram o mínimo respaldo, nem sequer no texto principal da matéria, que contraria o conceito da manchete ou vem sempre cheio de verbos no condicional com fontes nao identificadas. Os 2 maiores jornais do país, Clarín e La Nación, estamparam praticamente a mesma manchete em suas primeiras páginas de ontem.

As manchetes
Clarín: Cristina se recusou a colaborar com Macri para a transiçao
La Nación: A Presidenta nao quis falar da transiçao com Macri

O fato
Cristina e Macri estiveram reunidos no dia anterior na residência presidencial oficial por iniciativa de Cristina, que queria parabenizar pessoalmente o novo presidente e debater temas em uma agenda aberta. Depois da reuniao o próprio Macri informou na televisao que “foi uma reuniao cordial mas curta, em que Crisitina disse que tinha me convocado para me parabenizar pessoalmente. Falamos do dia 10 de dezembro, das formalidades da cerimônia de transferência e nisso consistiu a reuniao. Nao me pareceu que valia a pena tratar de outros temas.”

A própria matéria do jornal Clarín diz o seguinte: “Macri entrou sozinho na reuniao. A chefe de Estado o parabenizou pela vitória no segundo turno e garantiu uma cerimônia de transferência de mando organizada. Macri havia pedido a Cristina que habilitasse seus ministros para receber os substitutos designados por ele nos próximos dias (…) No entanto, a presidenta teria negado, segundo fontes. ‘Ela disse que os ministros estariam à disposiçao depois da posse de Macri, mas nao antes’, contaram. Em rigor, a presidenta nao poderia ordenar isso a nenhum ex-funcionário“, reconhece o próprio texto da manchete. “De qualquer maneira, o líder de Cambiemos (aliança que levou Macri à Presidência) valorizou o encontro e evitou qualquer reprovaçao“, continua o texto, desmentindo sua própria manchete.

la-nacion-argentina-pos-macri-2015

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