Jaime Serva vê as saias na USP como bom humor alegremente transgressor

No ano passado, um artista plástico paulistano foi impedido de entrar em uma loja de departamentos vestindo um calçao desses que se usam para jogar futebol. O segurança foi irredutível: aquilo se parecia roupa de banho, era terminantemente proibido. Nao teve dúvida: trocou de roupa com a namorada. Nela, o calçao de banho virou um short charmoso e, nele, a saia virou algo que nao estava nos regulamentos da tal loja. O segurança emudeceu e teve de deixá-lo entrar.

Ontem, um grupo de alunos da USP foi à universidade vestindo saias, em protesto contra notas ofensivas nas redes sociais contra 1 colega que decidiu usar roupas que considerava mais confortáveis: é claro, as saias. O ato solidário, que se propôs estender a açao a uma discussao sobre gêneros e suas formas de se manifestar acabou sendo uma dessas ocasioes em que um coletivo criativo abre as cabeças e desanuvia as atmosferas.

Hoje nao parece ser mais uma transgressao ver homem usando saia ou mulher usando gravata. A performance de Flavio de Carvalho é do século passado, a transgressao de Georges Sand, heterônimo da baronesa de Dudevant, que adorava se vestir de homem, é do século retrasado. De lá para cá, dezenas de estilistas propuseram saioes, saiotes e até minissaias para homens, tentando conceder-lhes o conforto que as mulheres usufruem e algum arejamento, tanto no sentido estrito como no sentido lato.

Pois os únicos homens que usam saia todo dia – os bispos – ontem vieram a público reclamar contra a decisao do Conselho Nacional de Justiça de reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Será que esses homens nao contribuiriam mais para a felicidade do mundo se experimentassem a alegria que os estudantes da USP irradiaram – com seu bom humor levemente transgressor? Afinal, já que estao de saia, poderiam se inspirar e deixar no armário essa mania de proibir o que nao é de sua alçada nem de sua conta.

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