Maio de 1968, o mês em que foi proibido proibir | texto do Jayme Serva

Há exatos 45 anos, no dia 3 de maio de 1968, uma sucessao de manifestaçoes de protesto pelo fechamento, na véspera, do campus da Universidade de Nanterre, na França, tornou-se o catalisador de uma reviravolta planetária. Liderados pelo estudante de sociologia e militante anarquista Daniel Cohn-Bendit, chamado pela imprensa de “Dani, le rouge”, milhares de jovens foram às ruas de Paris protestando contra as instituiçoes, o governo, a repressao. Durante todo o mês de maio, os protestos foram se avolumando, os sindicatos e o Partido Comunista aderiram, diversos países do mundo tiveram manifestaçoes que podiam ser resumidas em um grito geral por mais liberdade.

A democratizaçao do ensino superior nos países ricos, a revolta contra a guerra do Vietnã e os protestos por direitos civis nos EUA, a busca por mais liberdade na Cortina de Ferro, a revoluçao nas comunicaçoes, com a TV mostrando ao mundo o que antes apenas se lia em jornais afetados ou se ouvia no chiar do rádio, a reviravolta nos costumes destampada pelo pílula anticoncepcional, a contracultura, os hippies, tudo isso precisava apenas de uma fagulha para se tornar uma revoluçao. Cohn-Bendit e seus colegas de Nanterre foram essa fagulha.

Foi naquele mês de maio que “jovem” passou a ser uma categoria social distinta. Até entao, quanto antes um homem pudesse pôr uma gravata e se parecer quarentao, melhor. Maturidade estava atrelada à aceitação passiva de normas tao diversas quanto a submissão da mulher, a patologia do homossexual, a prevalência da autoridade incontestável. Tudo isso começou a ruir naquele mês.

A repressão que se seguiu foi dura, mas em vao – quando os cacetetes cantaram, o mundo já havia mudado… 45 anos depois, parece um pouco envelhecido. Mas é outro mundo!

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