Mídia tradicional, também acuada, cerra fileiras com Manning e Assange

A ética velha da imprensa está sendo triturada pela nova realidade do mercado da midia, concorda? Veja este texto do Nelson de Sá na Folha na semana passada para assinantes® – republicado hoje no Observatorio – no mesmo momento em que esta historia ganha 1 novo e bem vindo personagem – Snowden.

“6 meses atrás, o New York Times nao enviou repórter para cobrir o depoimento de Bradley Manning, nas audiências preparatórias para o julgamento” – conta Nelson no seu texto – “Agora, no início formal do julgamento, que deve se estender por julho e agosto, lá estava o repórter Charlie Savage – que alimentou a submanchete online ao longo da tarde e noite. Foi submanchete online também no Guardian, jornal britânico que, como o americano, havia rompido com o WikiLeaks. E foi manchete nos sites dos canais de notícias MSNBC, americano, e BBC, britânico, além de destaque no alto das páginas iniciais do Wall Street Journal ao Washington Post.

Desenvolve – “Em açao paralela, 18 organizaçoes jornalísticas americanas, da Bloomberg à New Yorker, assinaram carta cobrando da juíza mais acesso às informaçoes do próprio julgamento. Passados 6 meses, NYT e outros mudaram de atitude diante da revelaçao de que a repressao governamental aos vazamentos, antes focada no WikiLeaks, avançou contra a Associated Press e a Fox News”.

“Foi preciso que as açoes do Departamento de Justiça dos EUA chegassem às instituiçoes mais tradicionais, para o WikiLeaks, afinal, ser aceito como jornalismo – e nao ativismo político” – observa Nelson.

“Em sinal claro de que estava cerrando fileiras, o NYT publicou um dia antes um longo artigo de Julian Assange. Era uma resenha de livro, mas ele aproveitou para defender Manning, no final. Assange foi descrito pelo jornal, formalmente, como editor-chefe do WikiLeaks” (!)

“Em outras palavras, para o NYT também os jornalistas e os informantes (whistleblowers) do WikiLeaks têm direito à proteçao que a Constituiçao e as leis americanas devotam à imprensa”.

‘Sintomaticamente, Bill Keller, ex-editor-chefe do NYT que comandou a ruptura com o WikiLeaks há 3 anos, ironizava ontem, num texto sobre a perseguiçao judicial do governo Obama aos jornalistas – “Nos últimos tempos, até a âncora da Fox News Megyn Kelly anda soando como Daniel Ellsberg”.

“Ellsberg, hoje um dos grandes defensores de Bradley Manning, foi a fonte governamental que passou ao NYT os Papéis do Pentágono – que revelaram a verdade sobre as açoes americanas no Vietnã e abreviaram a guerra”.

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