Slogan em língua estrangeira – sim, é possível ficar bom | Jayme Serva

Chego tarde em casa, zapeio a TV tentando descobrir onde foi parar o sono e, às tantas, um comercial já no finzinho solta no ar a voz abaritonada – “Aidiasforlaife” :)

De fato, nao é um fenômeno novo a onda de colocar slogans em inglês para assinar marcas mundiais por aqui. Já há anos eu discutia esse assunto com publicitários igualmente antipáticos a essa ideia, enquanto outros garantiam que o lema em inglês consolidava a ideia de alcance internacional – “É o esperanto, Jayme, inglês é cada vez mais o terrês”, me dizia o Cadu Lemos, de quebra me olhando como quem encarava um capiau.

Na verdade, minha birra nem era tanto com a colocaçao da frase em inglês, voltada para um público em português. Na verdade, me condoía mesmo com o pobre locutor, treinado para pronunciar cada “efe” e cada “erre” com precisao, cuidando milimetricamente do resultado abaritonado de seu trabalho – mas em português! Já em inglês, a coisa se enrolava, era quase sempre uma tristeza.

Mas tudo traz boas surpresas na vida. De uns tempos para cá, a Volkswagen passou a adotar um slogan internacional – “Das Auto”. Diferentemente de comunicar um conceito original e somar a isso a internacionalidade, o simplíssimo enunciado, 7 letras apenas, significa liderança (O carro, nao qualquer carro), internacionalidade e, principalmente, a ideia de que, além de ser O carro, é um carro alemao. Traçou a linha no chao e fincou o pé no posicionamento.

Mas o que realmente quebrou minha resistência aos slogans em língua estrangeira foi a do suco concentrado Gud, produzido pela empresa portuguesa Sumol+Compal e apresentado num único sabor: laranja e manga. Isso mesmo, laranja combinado com manga. Pois o produto nao apenas foi criativo na formulaçao como também superou-se na hora de cunhar um slogan internacional. Sustentando a marca, lá está o dito, curto e fino – “É Gud, é bom!”. Isso sim atravessa fronteiras ;)

publicidade

publicidade