A volta dos artesaos – mestres e aprendizes | texto da Tania Savaget

Ser artesao, antes da Revoluçao Industrial, era ter uma profissao desejada, uma técnica reconhecida, ser mestre ou aprendiz de alguma coisa que era comprada e consumida quase como arte.

De lá para cá o termo foi mudando de significado, mas parece que existe hoje um mercado para quem quer aprender um ofício para investir em um negócio próprio ou mesmo para se divertir. As chamadas Corporaçoes de Ofício eram as associaçoes que, no final da Idade Média, reuniam artesaos de uma mesma profissão e, dizem, deram origem aos sindicatos atuais. Nelas, carpinteiros, ferreiros, alfaiates, sapateiros, padeiros se juntavam pra defender os interesses dos trabalhadores.

Tenho estudado o tema ‘trabalho e educaçao’ e pensado nesta forma de aprendizado prático, de troca de experiência entre mestres e aprendizes, que envolve habilidade, tempo para o erro, exemplo, tradiçao. Em Londres, a famosa rua Saville Row, reúne alfaiates que, desde o século XIX, estao acostumados a vestir a realeza com ternos e vestes feitas sob medida. Os mais experientes ensinam os mais novos sobre tecidos, caimento, corte, costura. Sem uma rua especial, mas em muitas cidades da Europa existe um retorno aos sapatos feitos à mao, com lojas-oficina que ensinam a desenhar, cortar e montar pisantes. Manolos, Ferragamos e outros “shoe designers” começaram assim.

Aqui em Sao Paulo estao surgindo alguns cursos além dos de gastronomia que trazem 1 pouco desta dinâmica dos ofícios e suas corporaçoes. Concentrados na Barra Funda, ateliês e oficinas, como a Baraúna, Rodrigo Silveira e Labmob reúnem máquinas, móveis e alunos que aprendem a conhecer os tipos de madeira, as ferramentas e as técnicas para fazer móveis, dos mais simples aos mais complexos. Com o aumento do preço dos serviços, pouca mao de obra, lojinhas de ” faça você mesmo” e móveis prontos padronizados, tudo colabora para o surgimento de novos artesaos, sejam profissionais ou amadores, que querem encontrar novos ofícios.

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