FutureBrand | O Brasil como marca – uma das piores do mundo?

A FutureBrand acaba de divulgar a 8ª ediçao do ‘FutureBrand Country Index 2019‘, que avalia a relevância das marcas das 75 maiores naçoes mundiais. Os países foram avaliados a partir de um conjunto de dimensoes ligadas, sobretudo, ao propósito e à experiência proporcionada por eles – Sistema de Valores, Qualidade de Vida, Potencial de Negócios, Patrimônio e Cultura, Turismo, Produtos e Serviços.

O Japao é o país com a melhor reputaçao. Pela 2ª vez, aparece em 1º lugar no ranking das marcas mais bem avaliadas. O país se destaca na dimensao Potencial de Negócios – que considera altos índices nos atributos avanço tecnológico, infraestrutura e perspectiva de vida – e também na dimensao Made In – que avalia a percepçao em relaçao aos produtos e serviços oferecidos pelo país. Interessante notar que as marcas de um país contribuem fortemente para a percepçao da marca-país, da mesma forma que a marca-país constrói a percepçao de suas marcas. Noruega e Suíça se juntam ao Japao na dimensao Qualidade de Vida, ocupando o 2º e o 3º lugares do ranking. Suécia, Finlândia, Alemanha, Dinamarca, Canadá, Áustria e Luxemburgo, nesta ordem, completam a lista das naçoes com as 10 melhores marcas do mundo.

Já os países latino-americanos nao foram bem. Embora apresentem boas avaliaçoes em atributos específicos, suas avaliaçoes gerais sao inferiores às da maior parte dos países avaliados. A marca melhor avaliada entre os países da regiao é a Argentina, que, apesar de subir 6 posiçoes no ranking, é só a 36ª dos 75 países. O 2º país latino mais bem avaliado é o Peru, que subiu 13 posiçoes e ocupa o 36º lugar no ranking geral. Antes do Brasil, ainda estao Chile (43º) e Panamá (46º). Caindo 4 posiçoes, o Brasil é o 5º da América Latina e apenas o 47º no ranking geral, ficando bem abaixo da média dos 10 primeiros países nas 6 dimensoes avaliadas. Ao compararmos com a média global, o país é superior em apenas 2 critérios – turismo e patrimônio e cultura.

Turismo. De todos os entrevistados, 40% consideram nosso conjunto de atraçoes e as opçoes de resort e hospedagem interessantesCerca de 46% consideram o país um bom lugar para passar as férias. Mas, em termos de custo-benefício, somos bem fracos. Nesse quesito, contamos com apenas 17% de percepçoes positivas.

Patrimônio e Cultura. A melhor avaliaçao foi para o critério belezas naturais — que continuam inspirando boas percepçoes. Já nos outros critérios (relativos à história, arte, cultura e pontos históricos), a pontuaçao ficou abaixo da média global: na casa dos 30%.

Potencial de Negócios. Menos de 20% dos entrevistados consideram que o Brasil tem boa infraestrutura e condiçoes favoráveis para fazer negócios. Cerca de 16% avaliam o país como um bom lugar para se viver. E quando o assunto é tecnologia avançada, apenas 13% possuem uma boa imagem do país.

Qualidade de Vida. O Brasil apresenta todos os índices muito abaixo dos países que lideram o relatório deste ano. A pior dimensao da marca Brasil é a mesma que se destaca entre os top 10. Critérios como saúde, educaçao e segurança têm menos de 15% das percepçoes positivas.

Sistema de Valores. Liberdade política e compromisso com o meio ambiente também sao bem percebidos por, apenas, cerca de 15% dos entrevistados. Curiosamente, o mesmo país que é altamente reconhecido por suas belezas naturais é, também, considerado um dos mais descompromissados com a preservaçao do meio ambiente.

Made In. Apenas 19% percebem nossos produtos e serviços como de alta qualidade. A melhor nota nesta dimensao fica por conta de produtos únicos: 26% – reflexo de um país que tem dificuldades em exportar produtos com alto valor agregado.

O estudo avaliou a percepçao sobre os setores nos quais os países sao especialistas. O Brasil está acima da média global nos setores moda (25%), comidas e bebidas (51%) e bebidas alcoólicas (26%). Os níveis de confiança e estabilidade do país, contudo, sao bem baixos: apenas 24%. E, quando confrontado com o momento do mundo, percebemos um grave desencontro de prioridades. Temas como sustentabilidade (24%), inovaçao (19%) e tecnologia (17%), que alavancam os países mais bem percebidos no índice 2019, sao, justamente, os de menor índice no caso do Brasil. “Apesar dos problemas, tendemos a ter uma visao otimista sobre o país. O estudo mostra quanto precisamos avançar. Investir na marca-país é fundamental nao só para a economia, mas também para a evoluçao da sociedade”, declara Daniel Alencar, sócio-diretor da FutureBrand Sao Paulo.

publicidade

publicidade