Web Summit 2019 – Lisboa recebe o mundo tecnológico

Desde 2ª feira que Lisboa foi invadida por uma tribo bem de acordo com o século em que vivemos. Para usar um vocabulário mais próximo, resolvi apelidar seus representantes de “LIT” – Loucos por Ideias, Informaçao e Tecnologia. Apesar da cidade já estar prevenida e preparada para recebê-los, é sempre um susto encontrar tanta gente nos transportes públicos, metrô principalmente, e ler nas notícias que alguns hotéis chegaram mesmo a aumentar em 40% as suas diárias, nas áreas mais próximas do Web Summit. De acordo com a organizaçao, estao registrados 70.469 participantes de 163 países, sendo que quase a metade (46,3%) sao mulheres (!) – Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos e Brasil estao no ranking dos mais bem representados. Muitos nao vao estar só na plateia dos 22 palcos do recinto no Parque das Naçoes – também vao participar como oradores convidados ou palestrantes nas apresentaçoes das suas ‘startups’ nesse evento que é considerado um dos maiores do mundo sobre tecnologia, inovaçao e empreendedorismo. De acordo com um dos seus fundadores, Paddy Cosgrave, o Web Summit vai continuar a ser realizada em Portugal por mais 10 anos – até 2028 -, após vencer uma candidatura de sucesso.

Ontem, o 1º a aparecer nas duas grandes telas do palco Central foi o norte-americano Edward Snowden, analista informático que denunciou práticas de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA. Diretamente da Rússia, onde se encontra exilado, ao responder às perguntas do interlocutor, deixou alguns avisos e muitas interrogaçoes sobre a proteçao de dados dos utilizadores e os esforços que estao sendo feitos na Europa com a introduçao do Regulamento Geral de Proteçao de Dados (RGPD). “O problema nao é a proteçao de dados, mas sim a coleta de dados”, avisou. E para nao perder o tom contra o poder que as grandes instituiçoes mundiais têm sobre os utilizadores dessa grande ‘arma moderna’ chamada internet, deixou como palavras finais algo que todos sabemos e fingimos que nao existe – “Nao sao os dados que estao sendo explorados, sao as pessoas que estao sendo manipuladas”, advertiu. Estar na rede ou nao? Eis a questao. Fica a pergunta…

A resposta, para aqueles que nao querem nem pensar sobre discutir esse tema, veio logo a seguir na apresentaçao do chairman da Huawei, Guo Ping. Um verdadeiro chamado da tecnologia chinesa para entrar na “Nova Era inteligente” – o 5G (5ª geraçao móvel). “A Huawei quer trabalhar com os programadores e ‘startups’ para criar mais aplicaçoes de 5G+”, disse o representante chinês, chegando mesmo a afirmar – depois de apontar as inúmeras vantagens dessa nova tecnologia – que tal como a eletricidade, as redes 5G vao mudar o mundo e já “estao crescendo mais rapidamente que o esperado”.

O ‘back to the basics’ (de volta ao básico) ficou guardado para a palestra final com a presença em palco de Jaden Smith, ator e músico, e Paul O’Callaghan, cientista e criador do documentário ‘Brave Blue World’. E por que falar sobre água, tema principal do documentário? – perguntou um dos entrevistadores. A resposta veio com uns pingos de esperança pela voz de Jaden Smith – “A água é importante para mim desde os 11 anos (…). Todos somos água e quando o Paul nos abordou para fazer este documentário, nao tive dúvidas. Sinto que tenho quase uma relaçao espiritual com a água desde muito cedo”, declarou o jovem empreendedor.

Nesse 1º dia do Web Summit (de 4 a 7 de novembro), os “LIT” (Loucos por ideias, Informaçao e Tecnologia) nao tiveram do que reclamar – estavam na hora certa e no lugar certo. Como disse o autarca (prefeito) da cidade, Fernando Medina, na cerimônia de boas-vindas, ao lado do ministro de Estado, da Economia e da Transiçao Digital, Pedro Siza Vieira – “Lisboa é uma cidade aberta à inovaçao, e uma das melhores demonstraçoes é o Web Summit”.




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